A Rica Simplicidade – Maiara Xavier

Por: Maiara Xavier

Oi, Riqueza! Que bom te encontrar aqui e saber que vamos dividir as próximas páginas deste livro numa jornada incrível de autoconhecimento, focando no seu enriquecimento financeiro.

Eu venho dedicando os últimos 12 anos da minha vida a estudar e entender o enriquecimento. Da maneira mais prática e, talvez, possa-se dizer: árdua. Descobri que esse processo envolve muito mais que ganhar e investir dinheiro. Sou defensora confessa de que finanças vão além de números. Quando tratamos de pessoas que querem enriquecer, os números são meros detalhes.

No auge dos meus 19 anos, eu tive um encontro que mudaria definitivamente o rumo da minha vida, em todos os sentidos. Até aquele momento tudo que eu sabia sobre dinheiro era que você trabalha por um salário e com esse salário você paga as contas. Qualquer coisa além disso seria sorte. Isso mesmo, eu acreditava que, pra ser rico, você precisava ter sorte.

Sorte de traçar um plano mirabolante para fisgar um dos riquinhos da cidade e poder assim usufruir do conforto e luxo que a família desse rapaz desfrutava. Certamente algum antepassado dele teve sorte e construiu o império que eles possuem hoje!

Sorte para acertar as combinações de seis números da Mega Sena e levar pra casa os milhares de reais que o prêmio lhe oferece. Mesmo sendo milhões, com todos os planos que eu e minha família fazíamos, para caso a sorte um dia sorrisse pra nós e esse prêmio viesse de fato parar em nossas mãos, me parecia que não resolveria nossa vida. Ele não duraria pra sempre. E isso dava medo. Já pensou ser muito rica e de repente não ter mais nada daquilo?

Sorte caso a vida tivesse lhe presenteado e você fosse irmã daquele riquinho, que nesse caso não precisaria tentar casar com ele (rs.).

Eu tinha medo da riqueza. Isso era fato. Eu sabia dessas três opções até meus 19 anos. Já tinha queimado a largada, não tinha família rica nem chances de receber uma herança nas últimas 10 gerações. Joguei algumas vezes na loteria, mas até em bingo sempre fui uma negação. Lembro de ter ganhado numa raspadinha quando criança uma antena parabólica; minha mãe comprou e eu raspei, então a sorte foi minha, certo? Isso me permitiu crescer tendo acesso a três canais na TV, além da Globo. Naquela época cheguei a pensar: eu nasci com sorte!

Mas não foi bem assim com o decorrer dos anos. Não lembro de mais conquistas significativas durante a vida baseada em sorte. E assim aconteceu com a loteria: eu sonhava com aqueles prêmios, mas morria de medo de ser a ganhadora que depois aparece na TV como ex-milionária. Imaginava a chamada assim:

“Estamos aqui com os ganhadores da loteria, que depois de alguns anos do prêmio vão mostrar como está a vida. Maiara foi ganhadora, há quatro anos, de 4 milhões de reais e hoje não tem mais nada. Então, Maiara, o que você fez com o dinheiro?

– Ah, sabe como é, né? Tínhamos muitos objetivos e uma família inteira para ajudar. Precisamos comprar casa para morar, porque vivíamos de aluguel, também compramos uma casa para meus avós maternos, e para minha avó paterna; e ainda para meus três tios maternos, e não seria justo se não comprássemos para o tio paterno. O que a família ia pensar se não ajudássemos nossos primos, e as cinco tias mais próximas? Na nossa vizinhança também tínhamos que ajudar, senão o que iam pensar? Aí compramos carro também, para nós e para os mais próximos. Vivemos sem privações durante esses quatro anos, porque nós merecíamos etc.”

Encontre os erros nessa suposta declaração! Eu não me imaginava namorando algum riquinho da cidade. Ficava pensando: Como vou me portar nas festas da família? Não vou ter o que conversar, porque os assuntos serão a viagem para a Disney, o restaurante chique na cidade vizinha, as roupas de marca, que até hoje não entendo... Vou saber falar só sobre o passeio de bicicleta no fim de semana, o joguinho de estratégia no computador que comprei em parceria com um colega de escola, sobre o Domingo Legal, novelas e sobre alguns poemas que gostava de escrever. Na minha cabeça, eu não me encaixaria “naquele mundo”. Tinha medo da riqueza. Portanto, eu nem tentava.

Meus pais foram pais muito cedo. Minha mãe tinha 19 e meu pai, 21. Não tinham suas carreiras formadas e já havia a responsabilidade de um bebê: eu. Minha mãe era estudante e meu pai soldado do exército tentando carreira. As coisas foram acontecendo, sendo conquistadas, mas nunca tiveram educação financeira. Durante 17 anos de casamento, o processo financeiro era o mesmo: trabalhar, receber o salário, brigar por dinheiro, pagar contas, comprar algumas coisinhas, faltar dinheiro e começar tudo outra vez.

Tudo isso era o que eu entendia e sabia sobre riqueza, baseado nas referências que tinha vivenciado até ali. Como se ricos pertencessem a algum tipo de espécie diferenciada e eu de fato estava fora da jogada.

Cresci seguindo quase o mesmo processo dos meus pais: comecei a trabalhar por dinheiro, gostava de guardar algumas notinhas que, com velocidade recorde, conseguia gastar; comprava em suaves parcelas a perder de vista com carnêzinhos nas lojas da cidade; comprava bem, diga-se de passagem. Recebia o salário e ele lá se ia todo pagando as parcelas de coisas que eu já nem lembrava o que era.

Mas em 2006 eis que surge no meu caminho uma outra referência sobre riqueza, uma totalmente nova, ousada e incrivelmente fascinante: um livro. O meu primeiro contato com educação financeira. E eu fiquei simplesmente fascinada. E foi ele que me mostrou uma outra realidade, acrescentou à minha lista mais uma opção, uma opção que eu desconhecia: você pode construir sua própria riqueza.

Uau! Por essa eu não esperava. E agora, como faço? Devorei o livro em uma semana.

E na semana seguinte eu já estava aplicando tudo que era possível à minha realidade naquele momento. Foi muito rápido mesmo. Era como se todo tempo eu estivesse esperando por essa opção e quando ela chegou eu a queria pra mim. Naquele momento, eu tinha tomado uma decisão, quero ser RICA. O tal incrível livro é o Mulher Rica, da Kim Kiyosaky, e muito baseado na realidade dos Estados Unidos, o que não me permitia seguir à risca seu plano de riqueza. Porém, eu queria fazer disso minha realidade e fui em busca do que conseguiria fazer naquele momento, na realidade do meu amado Brasil.

Teria sido mais fácil fechar aquele livro, achar tudo muito lindo, mas me convencer que só funcionaria no país onde ela vivia e que no Brasil isso era impossível. Talvez tenha sido a decisão de muita gente ao ler esse mesmo livro. Mas, desde então, eu resolvi procurar as soluções e isso pra mim era diferente. Gosto de ser diferente. Porque justificar e só ver os problemas? Isso a maioria faz. E eu já tinha feito isso tempo demais.

Eu vendi tudo que não usava mais e até mesmo o que eu usava um pouco. Vendi vestidos de festa e até meu computador velho, porém, o único que eu tinha. Mas eu queria deixar de ser uma consumista e me tornar uma mulher rica. Paguei praticamente todas as minhas parcelas, comecei a juntar todo meu salário e a investir em fundos de investimentos com sugestão de algumas pessoas mais informadinhas lá da cidade. Agradeço a Deus por ter colocado essas pessoas no meu caminho, porque de fato foram investimentos legais.

Do fim de 2006, quando li o livro, até fevereiro de 2008, eu saí de consumista do interior do Rio Grande do Sul com um salário de R$ 450 a investidora com um patrimônio de R$ 5.000, um salário de R$ 900 e moradora da cidade grande, São Paulo capital.

O poder estava em minhas mãos. Aquele livro plantou uma sementinha na minha vida que eu tratei de fazer florescer. O que eu fiz naquele momento era o que eu queria e deveria ter repetido na minha vida nos anos seguintes, eu estava no caminho certo do enriquecimento. Porém, a vida não é uma linha reta. Ela é desafiadora e sempre vai te jogar de um lado para o outro e você precisa fazer o melhor que pode.

Desde que li esse livro, eu me apaixonei por finanças, e entendi que precisava compartilhar com o máximo de pessoas tudo que eu tinha aprendido e mostrar para quem era como eu, com apenas três opções, que existia mais uma, a libertadora.

Que podíamos sonhar e acreditar numa vida melhor. Que podíamos fazer diferente do que todos à nossa volta estavam fazendo. Que não devemos ser vítimas das circunstâncias e que, sim, para nós a jornada financeira será mais desafiadora do que se ganhássemos dos pais um carro de formatura ou uma casa no casamento. Mas se comparar é outro aprendizado que tive nesse processo todo: não ajuda no enriquecimento.

Aprendi que riqueza é relativa. Que é possível pra todo mundo, que pode ser leve e libertadora.

Tudo isso e muito mais serão divididos com você nas próximas páginas. Tenho tanto para compartilhar... Este livro está aqui para eu te contar tudo que aprendi com meus erros e acertos, com meu trabalho e meus estudos ao longo desses 12 anos e minha própria jornada de enriquecimento. Retomei o caminho do enriquecimento acelerado, depois de diversos deslizes, que durante o livro você saberá um pouco mais.

Aqui é vida real, portanto, pode acreditar no que verá a seguir. Não são promessas de enriquecimento fácil nem impossíveis de se realizar. É trabalho duro, tesão pelo que faço e o desejo ardente de conquistar a liberdade financeira. Preparado(a) para ver sua vida financeira de uma maneira que nunca viu? Simples, verdadeira e enriquecedora?

Bora enricar, minha gente!

Saiba mais: A Rica Simplicidade.

 

São Paulo: Empreende, 2019.

 

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